As críticas de Michelle Bolsonaro ao Partido Liberal têm por trás uma articulação da ex-primeira-dama para emplacar uma aliada na disputa ao Senado pelo Ceará no ano que vem.
Michelle tentava viabilizar o nome de Priscila Costa, que é vereadora de Fortaleza, ex-deputada federal e atual vice-presidente nacional do PL Mulher
Priscila saiu preterida na disputa à prefeitura de Fortaleza no ano passado, quando o PL decidiu lançar o nome do deputado federal André Fernandes. Foi a ele que Michelle dirigiu diretamente as críticas no último domingo (30) e que desencadearam uma crise pública com os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde as eleições municipais, Michelle tinha deixado claro que atuaria para que Priscila fosse a escolhida para uma das duas vagas ao Senado
Priscila teria contribuído para o projeto à prefeitura de André Fernandes (PL), que foi derrotado por Evandro Leitão (PT), em uma eleição apertada.
Nas negociações de alianças do PL com Ciro Gomes e o PSDB, no entanto, as definições foram de que o ex-senador Tasso Jereissati indicaria uma vaga ao Senado e a segunda seria destinada ao pai de André Fernandes, o deputado estadual Alcides Fernandes (PL-CE).
A articulação teria sido firmada diretamente pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e por André Fernandes, o que irritou Michelle e ajudou a inflamar o discurso dela no último domingo.
"Homens que fazem alianças com o mal, entendendo que nós não podemos mais aceitar isso, chega. Eu não faço parte, se o meu presidente apoia outro candidato é ele, ele não me representa, ele não fala por mim. Eu sou presidente, tenho autonomia do meu movimento feminino que se tornou o maior da história, cabe a gente dar o direcionamento", disse a ex-primeira-dama.
A posição de Michelle é vista internamente como uma tentativa de sair da sombra do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso desde o dia 22 de novembro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

